terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E FIM!


Ele tomou mais um gole de orgulho tentando se manter firme, era para abstinência, o orgulho se unira a falta que ela fizera até ali e como união de matéria e anti-matéria o buraco negro de sua autosuficiência voltara. E a medida que seu orgulho lavava suas entranhas, a fé que ele depositara em si mesmo rejuvenescia-o! Ela assistia a cena sem tirar os olhos dele, não perderá nenhum detalhe até ali, e por impulso correra até ele, derrubou o frasco do orgulho que ele bebera, na tentativa de destruir o objeto que simbolizava o vício que tanto os afastava. Pisou em um caco do frasco permitindo que seu sangue se misturasse ao orgulho dele, não será possível entender o efeito que ele teve em seu sangue mas ela, que até então o encarava incrédula, começou a dizer:

- Um dia você foi tudo que sonhei!

- Você sonha com o que agora?! - Com os olhos vidrados de um viciado e um sorriso maldoso.

- Eu parei de sonhar, de desejar e nesse momento, parei de amar! - diante da face risonha dele ela continuou - E quando seu orgulho não fizer mais efeito você notará que não sonha mais também!

Ela o encarou, entendera naquele instante que sobrevivera todo esse tempo pra chegar aquele momento epifânico! O amor inaferível a deixou como o sangue que escorria por sua ferida no pé, os sonhos foram abdicados e as idealizações foram esquecidas, não haveria mais carinho nem olhar aconchegante, alguém puxou os aplausos na platéia e a cortina se fechou!

Carine Dávalos