quarta-feira, 14 de abril de 2010


É tão comum falar de saudade que as vezes até se perde a essência. Eu tenho um amigo que costuma se indignar com o fato de a saudade não mover montanhas, que eu digo que sinto saudades dele, mas não pego o carro que eu não pago a gasolina e passo por lá, só pra abraçar e rir, eu sou muito preguiçosa as vezes - eu sei disso melhor que ninguém. Mas o que me incomoda mesmo não é essa minha incapacidade - como eu gosto logo de chamar minha preguicite aguda; é que as vezes é impossível cruzar o país, digamos, pra matar as saudades, e olha que a lista de família e os amigos que não moram aqui se esteeeeende. Tá, a gente fala de localidade, eu posso ir ali no outro bairro, mas dói sentir sentir saudades de tão longe.
E claro, eu não podia não falar do meu irmão, putz, ele morou comigo 18 anos, como não sentir saudades, como não sofrer? O que aliás, só se complica com a meu senso de proteção, ele é gigante, maior do que eu, capaz de me imobilizar - se a gente ainda brigasse -, e eu fico aqui toda boba quando vejo a seriedade dele estudando, e o quanto ele amadureceu em tão pouco tempo. Eu sou beeeesta toda! Mas o caçula é o caçula, ainda vou querer protegê-lo e mimá-lo do mesmo jeito e com as mesmas reclamações. Ele não mora mais aqui em casa pra brigar comigo pela internet, ou pelo controle da TV da sala, mas irmã mais velha é assim, aqui, em São Carlos, em Dubai ou no fim do mundo ele é O meu gordinho.

Carine Dávalos*